25 novembro 2009

AULA 13

Avaliação do semestre

Confraternização: ideias e sugestões! Nesta quinta, às 17h30!

AULA 12

OFICINA
Leitura: do não-literário ao literário, com a Profª. Vera Lopes.

Deixem seus comentários e observações!

12 novembro 2009

AULA 11

Produção de texto – artigo de opinião

Redija um texto de acordo com a proposta abaixo, do Vestibular PUC Minas (1º/2010 – Interior):

PROPOSTA DE PRODUÇÃO DE TEXTO

Ai, palavras, ai, palavras,

que estranha potência, a vossa!

Ai, palavras, ai, palavras,

sois de vento, ides no vento,

no vento que não retorna,

e, em tão rápida existência,

tudo se forma e transforma!
(Cecília Meirelles. Romanceiro da Inconfidência)

Tomado o trecho acima como mote, você, assumindo a posição de um jornalista, deverá produzir um artigo de opinião em que refletirá sobre o poder das palavras nas interações sociais. O seu texto será publicado em uma revista de grande circulação. Para isso, recorra a exemplos que possam ilustrar seus argumentos.

10 novembro 2009

Oficina - Leituras: do texto não-literário ao literário


Cronograma

Caros alunos,

Vamos nos aproximando do final do semestre (e do ano!), tempo de muitas tarefas e correrias. Por isso, encaminho nossa programação, para que possamos nos organizar e não perder nenhuma atividade:

12 de novembro - devolução e comentário dos textos (crônicas); proposta de redação de artigo de opinião.
19 de novembro - oficina de leitura com a professora Vera Lopes (PUC Minas).
26 de novembro - encerramento (confraternização e avaliação do semestre).

Abraço e até quinta!
helena contaldo

04 novembro 2009

AULAS 9 e 10 - Apresentação de trabalhos

AULAS 9 e 10

Essas aulas são dedicadas à apresentação de trabalhos de complementação de créditos. Os temas são "Língua/Linguagem e variações linguísticas" e "Coesão textual".

22 outubro 2009

AULA 8 Produção de crônica

Produção de crônica

Para se inspirar, leia a crônica abaixo, de Carlos Heitor Cony:

Tempos modernos

RIO DE JANEIRO - No meio do trânsito, o motorista diminuiu a marcha do carro, que ficou reduzido à velocidade de um pedestre. Estranhei a mudança, ele me apontou um esquisito negócio pendurado no poste mais próximo e informou: "É o "Big Brother'".

A expressão pegou graças ao famoso romance de George Orwell ("1984"), que virou série em TVs de todo o mundo, representando a perda de privacidade dos cidadãos que ficam dispostos e expostos ao olho implacável de uma câmera ligada ao estado-maior ou ao Grande Irmão que patrulha todas as ações da sociedade.

A primeira referência a esse tipo de poder universal não é de George Orwell nem de seu livro, publicado em 1949. Antes dele, em 1935, Charles Chaplin, em "Tempos Modernos", já mostrava a potencialidade da tecnologia na guarda dos valores da classe dominante sobre o resto da manada.

O operário Carlitos, estressado na esteira de montagem de uma fábrica monstruosa, onde aperta parafusos alucinadamente, pede ao capataz de seu setor a licença para ir ao banheiro. Mal entra ali, numa imensa tela que ocupa toda a parede, aparece em "close" o dono da fábrica, de cara amarrada, que o recrimina com aspereza, ordenando-lhe que retorne imediatamente ao trabalho: a produção não pode parar.

O filme de Chaplin continua sendo a crítica mais contundente aos tempos modernos, mas nada tem de reacionário, pelo contrário: em alguns países, foi proibido por ser propaganda comunista.

Embora nunca tenha confessado, esta cena foi o ponto de partida para Orwell criar o Big Brother, cuja amplitude é maior, universal. Na Idade Média, quando a tecnologia da época era bem mais primitiva, os anacoretas e ascetas colocavam em suas tendas ou celas um cartaz com o aviso: "Deus me vê!".

Dá mais ou menos no mesmo.

CONY, Carlos Heitor. Tempos modernos. Folha de S.Paulo, 25 maio 2008.

Inspirando-se nos fatos abordados no texto, escreva uma crônica.

Siga as instruções:

a) Pense no leitor e no objetivo que você tem em vista. Você quer entreter, divertir o leitor, sensibilizá-lo ou fazer com que ele reflita?

b) Planeje o modo de construir a narrativa de sua crônica. Você pode escrever uma história que revele sua opinião pessoal do acontecimento ou uma história que mostre o ponto de vista de uma das pessoas envolvidas no episódio (1ª ou 3ª pessoa).

c) Aborde o fato ou a situação escolhida procurando ir além do que aconteceu, narrando com sensibilidade ou, se quiser, com humor. Como sua crônica deverá ser narrativa, lembre-se de mencionar o lugar onde aconteceu o fato e o tempo. PROCURE CONTAR O FATO DE UMA FORMA QUE ENVOLVA O LEITOR, DESPERTANDO NELE O INTERESSE PELA NARRAÇÃO E A VONTADE DE LER O TEXTO ATÉ O FINAL. Se possível, guarde uma surpresa para o fim, de modo a fazer o leitor refletir, emocionar-se ou achar graça.

Escreva de forma simples e direta, procurando proximidade com o leitor, e empregue em seu texto a variedade padrão informal ou outra, de acordo com as personagens envolvidas.

d) Faça um rascunho e, antes de passar a limpo, realize uma revisão cuidadosa. Refaça o texto quantas vezes forem necessárias. Vamos postá-lo no blog?


CEREJA, W.R.; COCHAR, T.M. Português: linguagens 3. 6.ed. São Paulo: Atual, 2008. p. 83-84. (Adaptado)

08 outubro 2009

AULA 7 Narrações

Narrações: o conto e a crônica

O que é conto? O que é crônica? Você sabe diferenciar? Você costuma ler esses gêneros textuais?

Grandes nomes da literatura se dedicam à escrita de contos, sem que esse gênero seja considerado 'menor' do que o romance ou a novela. Clarice Lispector, Machado de Assis, por exemplo, foram grandes contistas brasileiros. O conto se caracteriza por ser uma narrativa mais curta, que geralmente envolve um só conflito central. O romance, por ser um texto de maior fôlego, permite uma trama maior de conflitos.

A crônica também é um texto curto. A definição mais comum (de acordo com sua origem) é a de um texto relativamente mais efêmero do que o conto, mais despretencioso, mais leve... Mas essa é só uma definição, que cai por terra ao lermos A última crônica, de Fernando Sabino, por exemplo! Machado também escreveu crônicas, relatando e cmentando fatos de sua época.

A ideia é exercitarmos um pouco a escrita de narrativas. Para isso, vamos começar desenvolvendo e finalizando uma crônica ou um conto da literatura brasileira, cujo início você vê abaixo (o título e a autoria foram retirados para fins didáticos):

a) Crônica:
 ...eram três solteirões que viviam com o pai viúvo naquela casa do interior de Minas. Um dia o mais novo, e já não tão novo, conheceu uma moça, gostou da moça, acabou se casando com a moça.


Casou e mudou.

Tempos depois, indo visitar o pai e os irmãos, não escondeu seu entusiasmo:

— Gente, vocês não sabem como mulher é bom! Serve para tanta coisa…

Não deixa de ser uma definição do casamento, como era concebido antigamente. Hoje em dia, prevalece mais a que decorre do comentário feito por aquele outro, depois que se casou:

— Então quer dizer que casamento é isso? Ela lava e eu enxugo?

— Pois comigo agora vai ser diferente — pensava ela, ao deixar o trabalho. Em vez de ir direto para casa fazer o jantar do marido, foi ao cabeleireiro mudar o penteado.

Depois de vários meses sem cozinheira, chegara enfim o dia de não encostar a barriguinha no fogão, como ele costumava gracejar, aliás sem graça nenhuma.

Em vão ela havia tentado avisar, telefonando-lhe para o escritório, que queria jantar fora naquela noite: não está na sala, está em reunião, ainda não chegou, já saiu. Onde diabo estaria? Nenhuma ponta de ciúme chegou a se manifestar na sua irritação por não encontrá-lo: parece até que está fugindo de mim, pensou apenas, indo finalmente para casa.

— Eu hoje quero jantar fora — foi declarando, categórica, quando ele lhe abriu a porta.

— Onde você andou? — perguntou ele, dando-lhe passagem.

— Fui ao cabeleireiro. E você? Tentei te avisar o dia todo.

— Me avisar o quê?

— Que eu queria jantar fora.

— Vim mais cedo para casa. Como não te encontrei…

— Nem podia encontrar, pois eu estava no cabeleireiro.

 b) Conto:
O nosso primeiro Natal de família, depois da morte de meu pai acontecida cinco meses antes, foi de conseqüências decisivas para a felicidade familiar. Nós sempre fôramos familiarmente felizes, nesse sentido muito abstrato da felicidade: gente honesta, sem crimes, lar sem brigas internas nem graves dificuldades econômicas. Mas, devido principalmente à natureza cinzenta de meu pai, ser desprovido de qualquer lirismo, de uma exemplaridade incapaz, acolchoado no medíocre, sempre nos faltara aquele aproveitamento da vida, aquele gosto pelas felicidades materiais, um vinho bom, uma estação de águas, aquisição de geladeira, coisas assim. Meu pai fora de um bom errado, quase dramático, o puro-sangue dos desmancha-prazeres.


Morreu meu pai, sentimos muito, etc. Quando chegamos nas proximidades do Natal, eu já estava que não podia mais pra afastar aquela memória obstruente do morto, que parecia ter sistematizado pra sempre a obrigação de uma lembrança dolorosa em cada almoço, em cada gesto mínimo da família. Uma vez que eu sugerira à mamãe a idéia dela ir ver uma fita no cinema, o que resultou foram lágrimas. Onde se viu ir ao cinema, de luto pesado! A dor já estava sendo cultivada pelas aparências, e eu, que sempre gostara apenas regularmente de meu pai, mais por instinto de filho que por espontaneidade de amor, me via a ponto de aborrecer o bom do morto.

Foi decerto por isto que me nasceu, esta sim, espontaneamente, a idéia de fazer uma das minhas chamadas "loucuras". Essa fora aliás, e desde muito cedo, a minha esplêndida conquista contra o ambiente familiar. Desde cedinho, desde os tempos de ginásio, em que arranjava regularmente uma reprovação todos os anos; desde o beijo às escondidas, numa prima, aos dez anos, descoberto por Tia Velha, uma detestável de tia; e principalmente desde as lições que dei ou recebi, não sei, de uma criada de parentes: eu consegui no reformatório do lar e na vasta parentagem, a fama conciliatória de "louco". "É doido, coitado!" falavam. Meus pais falavam com certa tristeza condescendente, o resto da parentagem buscando exemplo para os filhos e provavelmente com aquele prazer dos que se convencem de alguma superioridade. Não tinham doidos entre os filhos. Pois foi o que me salvou, essa fama. Fiz tudo o que a vida me apresentou e o meu ser exigia para se realizar com integridade. E me deixaram fazer tudo, porque eu era doido, coitado. Resultou disso uma existência sem complexos, de que não posso me queixar um nada.

Era costume sempre, na família, a ceia de Natal. Ceia reles, já se imagina: ceia tipo meu pai, castanhas, figos, passas, depois da Missa do Galo. Empanturrados de amêndoas e nozes (quanto discutimos os três manos por causa dos quebra-nozes...), empanturrados de castanhas e monotonias, a gente se abraçava e ia pra cama. Foi lembrando isso que arrebentei com uma das minhas "loucuras":

– Bom, no Natal, quero comer peru.

Na próxima aula, você lê a versão completa dos textos. Por enquanto, tente imaginar como termina a história... Entregue à professora a sua versão do conto ou da crônica ao final da aula.

AULA 6 Memorial/Biografia

Biografias

Observação e análise de alguns sujeitos (reais e fictícios)

- biografia dos alunos (leitura e comentários);
- outras biografias:
- Museu da Pessoa: narração em áudio da biografia de duas pessoas: Antonio Marcos e Valdiane Soares. Comparação da forma de narrarr e motivação. Ouça outros! Comente e sugira aos colegas!
- Memória Viva: Menino de engenho: ficção e realidade ne obra de José Lins do Rego e Noel Rosa e o samba.

30 setembro 2009

AULAS 4 e 5 Memorial

Produção de memorial

1. O que é um memorial?
Existem vários tipos de textos que evocam “memória“, com os mais diferentes objetivos e formatos. O memorial que você irá redigir é um texto que trata da sua história de vida: narra o seu passado e, com os olhos do presente, projeta o futuro.

2. Tema central
O que une esse grupo? Que características os integrantes do CALP têm em comum (além do desejo de estudar um pouco mais a língua portuguesa?)? São todos religiosos? Estudantes de Filosofia/Teologia? Pertencentes a uma congregação religiosa? Ainda assim, as histórias são todas iguais? Claro que não!!
Cada um irá contar sua história, sua chegada até esse ponto da formação religiosa e acadêmica.

3. Formato/roteiro
a. Em um primeiro momento, você pode se pautar pelas seguintes questões para redigir um roteiro bem objetivo:
- Nascimento, composição familiar, local de origem, características socioculturais;
- Entrada na vida escolar, desempenho, apoio familiar;
- Entrada na vida religiosa, apoio familiar;
b. Em seguida, acrescente fatos, exemplos que ilustrem uma época, uma passagem significativa ou decisiva dessa trajetória. É importante que o texto seja leve, mesmo que o conteúdo seja pesado!
c. É hora de inserir as suas impressões sobre o que já foi narrado: como você percebeu o fato, que importância ele teve na sua vida, e como, do seu presente, você avalia essa trajetória.
d. Para finalizar, o momento pede que se vislumbre o futuro (próximo ou distante), que se mostrem expectativas coerentes com o que já foi dito.

4. Versão final
O texto final poderá ter até 3 laudas (por isso é importante selecionar bem o que vai dizer!). É hora de “aparar“ o seu roteiro, tirando os excessos ou acrescentando informações que julgar necessárias.

AULA 3 O que é escrever?

O QUE É ESCREVER?

Parte I

Escreva um texto contando aos seus colegas como é a sua relação com a escrita. Procure dar a eles respostas para as seguintes perguntas:

1. Você gosta de escrever? Por quê?
2. Quais são os seus problemas ou dificuldades com a escrita?
3. Como você resolve essas dificuldades?
4. Qual é a parte mais fácil da escrita?
5. O que você espera aprender em uma oficina de produção de textos (CALP)?
Atenção: Não precisa medir palavras nem escrever bonito, faça um texto sincero sobre sua relação com a escrita (lembre-se do que discutimos na aula 1).

Lembre-se de que nenhum texto fica pronto assim que acabamos de escrever a última palavra, por isso, releia o seu texto conferindo a digitação e a ortografia, confira a pontuação, dê uma olhada na concordância, na regência, no vocabulário, nas estruturas das frases, na paragrafação e no que mais você se lembrar. Observe se você sesta sendo claro, se o texto está adequado ao leitor (seus colegas), se não há mistura de registros (formal e informal) e se está adequado aos seus objetivos.
Tudo pronto? Então agora vamos ver o que os seus colegas têm a lhe dizer e o que você tem a dizer a eles.

Parte II

Esta atividade pretende mostrar a você que vários passos estão envolvidos na escrita. Entre eles podemos citar:
1º passo: selecionar as ideias;
2º passo: organizá-las;
3º passo: transformá-las em textos;
4º passo: fazer revisão e reescrita do texto.
Esses passos devem ser seguidos, levando-se em consideração as condições de produção que são estabelecidas por três perguntas:

O QUE VOU FALAR? (assunto)

PARA QUEM? (leitor)

PARA QUÊ? (objetivo, propósito)

Através dessas perguntas você identificará o assunto principal do seu texto, o seu interlocutor e o seu objetivo. Com isso em mente, será mais fácil para você decidir qual gênero de texto será escrito e que registro (grau de formalidade) será usado. Essas perguntas também podem ser de grande ajuda no momento da revisão. Com elas você pode avaliar se o texto está adequado à proposta.
Para finalizar essa seção, gostaríamos de apresentar algumas observações importantes:
- Para escrever bem é preciso praticar bastante, portanto, escreva sempre que puder.
- O planejamento, bem como a revisão e a reescrita, são partes muito importantes do processo de escrita. Lembre-se deles.
- O dicionário e a gramática devem ser consultados sempre que houver alguma dúvida, por isso você não precisa se preocupar em decorar nenhum dos dois.
(Acrescente à sua lista outras observações que você julgar importantes para a tarefa de produzir um texto).

COSCARELLI, Carla; MITRE, Daniela. Oficina de leitura e produção de textos. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p.12-14. (Adaptado).

AULA 2 Corrupção e cidadania - tomada de posição

Palavras iniciais


Vamos fazer um exercício de leitura e produção de texto a partir de um texto publicitário bem diferente...

Texto publicitário
Você vai assistir, agora, a uma peça publicitária, veiculada pela ABAP (Associação Brasileira das Agências de Publicidade) nas emissoras de TV do país. O vídeo é uma das manifestações da Campanha do Pacto Empresarial contra a Corrupção e conta com o apoio do Instituto Ethos de Responsabilidade Social.
Pensando no uso que é feito da linguagem neste comercial, bem como nas ações e representações ali mostradas/contidas, gostaria que você trabalhasse um pouco nessa análise. Devemos pensar também que os discursos são muitos, envolvendo atividades verbais e não-verbais. E, ainda, cada discurso está relacionado às posições identitárias, ou seja, às posições que o sujeito que enuncia assume quando enuncia e por meio de sua própria enunciação, não é isso mesmo?
No anúncio, é possível ler o seguinte dito ao final do filme:
“Ou o Brasil acaba com a corrupção ou a corrupção acaba com o Brasil”
Procure identificar as vozes aí presentes e suas intenções ao enunciar esse dito. Pense, ainda, em uma possível intertextualidade com a frase atribuída a Getúlio Vargas, referindo-se aos usurpadores do dinheiro público: “Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil”.

Um pouquinho de escrita
Registre (por escrito) sua análise até este momento em uma folha à parte, para ser entregue ao final da aula à professora.

Lendo as imagens
Vamos nos ater, agora, um pouquinho à linguagem não-verbal: vamos assistir novamente ao vídeo, com o som desligado, e você irá descrever o que viu no anúncio – o que o personagem veste, onde ele se encontra, a proporção entre a sua figura e o ambiente, o posicionamento da câmera, as cores, enfim, tudo o que puder ser observado.
Em um tipo de mensagem tão rápido (o filme dura só 30 segundos!), a informação tem que ser passada com o auxílio pesado de outros recursos não-verbais, isto é, a linguagem não-verbal tem aí uma importância muito grande, maior do que em outros gêneros, como a conversação informal, por exemplo. O que, então, querem significar os elementos que você descreveu? Como eles dialogam com a informação verbal?
Mais um pouquinho de escrita
Faça mais anotações sobre a análise dos elementos não-verbais.

A voz que enuncia
E, falando em informação verbal, gostaria agora que você ouvisse a voz do personagem, tentando identificar posições e posturas ali presentes. Quem é esse sujeito que se institui como “eu”, que fala em nome de um “nós”? Que grupo ele representa? Quais são as palavras e expressões que se relacionam diretamente ao discurso empresarial? Registre na folha!

A sua voz – escrita final
O que é efetivamente dito pelo personagem não é necessariamente o que é pretendido pelo autor do texto, não é verdade? Há uma série de pressupostos que nos indicam que há “vozes” outras no texto, “vozes” que nos remetem a pré-construídos, por exemplo: “O Brasil é o país da corrupção”, “Jeitinho brasileiro”, “Brasileiro gosta de levar vantagem em tudo”. Você concorda, ou seja, você, na posição que assume, entre outras, de estudante de Filosofia, seminarista, é um(a) do(a)s brasileiro(a)s que ajuda a ressoar e, assim, a ecoar vozes como essas? Agora quero ouvir a sua voz.

AULA 1 Você está animado a escrever?

Palavras iniciais

Você está animado a escrever?
O semestre será dedicado à (re)escrita de textos dos seguintes gêneros: crônica, artigo de opinião e memorial. Será um momento oportuno para você pensar sobre a sua ação de escrita e as posições assumidas nessa ação. Como e por que você escreve? De que lugar social você fala em cada situação de interlocução? Como você institui o “outro” a quem você se dirige? Essas e outras questões nortearão o nosso estudo neste semestre e as produções textuais realizadas no CALP.

Além disso, trabalharemos também alguns aspectos importantes na interpretação de textos, relativos à assunção da posição social do sujeito que fala/escreve.

Desejo a você bons estudos! Sucesso!

helena contaldo



Leituras de aquecimento
O trecho seguinte integra uma crônica de uma das escritoras brasileiras de maior prestígio na literatura nacional: Clarice Lispector. Se você já leu alguma de suas obras, sabe que sua escrita é inovadora, densa e, ao mesmo tempo, carregada de sentidos. Sentidos que não estão à tona em seus escritos, mas emergem quando mergulhamos no texto. Como a própria autora diz, “Quando eu procuro demais um ´sentido` – é aí que não o encontro”. Uma chave de leitura para a obra de Clarice é procurar sentidos.

Quando não estou escrevendo, eu simplesmente não sei como se escreve. E se não soasse infantil e falsa a pergunta das mais sinceras, eu escolheria um amigo escritor e lhe perguntaria: como é que se escreve?


Por que, realmente, como é que se escreve? que é que se diz? e como dizer? e como é que se começa? E que é que se faz com o papel em branco nos defrontando tranqüilo?


Sei que a resposta, por mais que intrigue, é a única: escrevendo. Sou a pessoa que mais se surpreende de escrever. E ainda não me habituei a que me chamem de escritora. Porque, fora das horas em que escrevo, não sei absolutamente escrever.

O que nos interessa propriamente nesse trecho é a ação de escrever. Essa é uma atividade sempre orientada para o outro, que visa à inter-ação.

Borelli (1981, p.79) relembra mais algumas palavras de Clarice sobre a ação de escrever:

Para me divertir eu poderia inventar muitos fatos e criar histórias, inventar é fácil e não me falta a capacidade. Mas não quero usar esse dom que eu desprezo, pois ´sentir` é mais inalcançável e ao mesmo tempo mais arriscado. Sentindo-se pode-se cair num abismo mortal.


O que procuro? Procuro o deslumbramento. O deslumbramento que eu só conseguirei através da abstração total de mim.


Eu não quero a idéia e sim o nervo do sonho que resulta na única realidade onde posso encontrar uma verdade. É como se eu tivesse inventado a vida – e – fiat lux. Mas o deslumbramento que eu tenho dura o espaço instantâneo de uma visão e eis-me de novo no escuro.

Desejo que você também reflita sobre a sua ação de escrita, na escrita e pela escrita. Guardadas as devidas proporções (a não ser que você também “cometa alguns poemas” de vez em quando), a ação de escrever textos literários e textos não-literários assemelha-se em alguns pontos: em ambas, o escritor encontra-se frente a frente com uma folha em branco (ou, mais frequentemente, com uma tela – de computador – em branco) e deve/precisa, a partir daquele momento, selecionar palavras, estruturar frases, organizar o processamento textual – para que tudo saia na ordem desejada – calcular possíveis efeitos de sentidos em função do fluxo informacional, imaginar o seu interlocutor, o que ele sabe e quais seriam seus objetivos... Enfim, são muitos os processos envolvidos nessa ação.

Parafraseando Clarice, diria que alternamos, no momento da escrita, deslumbramentos e sessões no escuro: quando achamos a palavra certa, quando escolhemos a construção que julgamos mais adequada... esse é o deslumbramento. Mas, ao contrário, quando passamos o tempo procurando a melhor expressão, querendo “dizer”, mas sem encontrar a palavra adequada, estamos no escuro, não é verdade?

Vídeo
Assistiremos agora a um trecho da entrevista realizada com Clarice em 1977, pouco tempo antes de sua morte. Então, tomemos esse exemplo para discutir um pouco mais sobre a escrita na vida de escritores e leitores. Vamos pensar um pouquinho?

Aquecimento
Agora, reflita você também sobre essa ação. Essa reflexão pode se transformar em um texto em que você aponte dificuldades, narre momentos de facilidade ou episódios trágicos em que se viu envolvido(a), dependendo do que tinha a escrever. Enfim, o espaço é seu: aproveite-o para sistematizar dificuldades e pensar em como resolvê-las.