28 fevereiro 2011

AULA 3: ACENTUAÇÃO GRÁFICA

A acentuação serve para auxiliar a representação escrita da linguagem. Quando ouvimos, distinguimos com facilidade uma sílaba tônica de uma sílaba átona. Quando lemos, entretanto, isso não é tão fácil. Na escrita, os acentos têm a função de distinguir, por exemplo, secretaria/secretária, mágoa/magoa, público/publico.

Recentemente, entrou em vigor uma nova reforma ortográfica. Esse processo de mudanças no sistema de escrita da língua portuguesa teve início em 1990, quando os países que falam português – Brasil, Portugal, Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Timor Leste e São Tomé e Príncipe – assinaram em Lisboa um acordo ortográfico. A partir de 2009, esse acordo passou a vigorar no Brasil.

Com ele, todos os países cujo idioma oficial é o português passaram a ter um único sistema de escrita. Assim, um leitor brasileiro, por exemplo, pode ler um livro publicado em Moçambique ou Portugal sem estranhar a grafia das palavras.

Para que o acordo ocorresse, todos os países tiveram que fazer concessões e aceitar algumas mudanças. Para os brasileiros, o acordo não provocou mudanças drásticas. Estima-se que apenas 0,5% das palavras do português sofreu mudanças.

Regras de acentuação gráfica

1. Acentuam-se os monossílabos tônicos terminados em a(s), e(s), o(s) e em ditongos abertos éi(s), éu(s) e ói(s).

2. Acentuam-se as palavras oxítonas terminadas em a(s), e(s), o(s) e em(ens) e nos ditongos abertos éi(s), éu(s) e ói(s).

3. Acentuam-se as paroxítonas terminadas em l, n, r, x, ã(s), ão(s), i(s), ei(s), um(uns), us, ps.

4. Acentuam-se todas as palavras proparoxítonas.

5. Acentuam-se as vogais i e u tônicas dos hiatos, seguidas ou não de s, nas palavras oxítonas e paroxítonas (exceto quando seguidas de nh).

6. Acento diferencial

O verbo pôr é acentuado para diferenciar-se da preposição por/a forma verbal pôde diferencia-se de pode.

Os verbos vir e ter na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo recebem acento circunflexo para diferenciarem-se da 3ª pessoa do singular. Os derivados, como deter, manter, reter, intervir, etc. obedecem à regra das oxítonas. Na 3ª pessoa do plural, entretanto, usa-se o acento circunflexo para a diferenciação.

O que mudou com o novo acordo?

- não se acentuam mais os ditongos abertos ei e oi nas palavras paroxítonas;
- não se acentuam mais as vogais i e u tônicas precedidas de ditongo nas paroxítonas;

- o trema deixou de existir na língua portuguesa;

Para refletir e exercitar, uma questão do vestibular da Unicamp (2009):

Reportagem da Folha de São Paulo informa que o presidente do Brasil assinou decreto estabelecendo prazos para o país colocar em prática o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que unifica a ortografia nos países de língua portuguesa. Na matéria, o seguinte quadro comparativo mostra alterações na ortografia estabelecidas em diferentes datas:

Após as reformas de 1931 e 1943:

Êles estão tranqüilos, porque provàvelmente não crêem em fantasmas.

Após as alterações de 1971:

Eles estão tranqüilos, porque provavelmente não crêem em fantasmas.

Após o novo acordo, a vigorar a partir de janeiro de 2009:

Eles estão tranquilos, porque provavelmente não creem em fantasmas.

Sobre o acordo, a reportagem ainda informa:

As regras do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que entram em vigor no Brasil a partir de janeiro de 2009, vão afetar principalmente o uso dos acentos agudo e circunflexo, do trema e do hífen. Cuidado: segundo elas, você não poderá mais dizer que foi mordido por uma jibóia, e sim por uma jiboia. (...)

(Adaptado de E. Simões, “Que língua é essa?”. Folha de S.Paulo, Ilustrada, p. 1, 28/09/2008.)

a) O excerto acima supõe que alterações ortográficas modifiquem o modo de falar uma língua. Mostre a palavra utilizada que permite essa interpretação. Levando-se em consideração o quadro comparativo das mudanças ortográficas e a suposição expressa no excerto, explique o equívoco dessa suposição.

Ainda sobre a reforma ortográfica, Diogo Mainardi escreveu o seguinte:

Eu sou um ardoroso defensor da reforma ortográfica. A perspectiva de ser lido em Bafatá, no interior da Guiné-Bissau, da mesma maneira que sou lido em Carinhanha, no interior da Bahia, me enche de entusiasmo. Eu sempre soube que a maior barreira para o meu sucesso em Bafatá era o C mudo [como em facto na ortografia de Portugal] (...)

(D. Mainardi, “Uma reforma mais radical”. Revista VEJA, p. 129, 8/10/2008.)

b) O excerto acima apresenta uma ironia. Em que consiste essa ironia? Justifique.

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