30 setembro 2009

AULAS 4 e 5 Memorial

Produção de memorial

1. O que é um memorial?
Existem vários tipos de textos que evocam “memória“, com os mais diferentes objetivos e formatos. O memorial que você irá redigir é um texto que trata da sua história de vida: narra o seu passado e, com os olhos do presente, projeta o futuro.

2. Tema central
O que une esse grupo? Que características os integrantes do CALP têm em comum (além do desejo de estudar um pouco mais a língua portuguesa?)? São todos religiosos? Estudantes de Filosofia/Teologia? Pertencentes a uma congregação religiosa? Ainda assim, as histórias são todas iguais? Claro que não!!
Cada um irá contar sua história, sua chegada até esse ponto da formação religiosa e acadêmica.

3. Formato/roteiro
a. Em um primeiro momento, você pode se pautar pelas seguintes questões para redigir um roteiro bem objetivo:
- Nascimento, composição familiar, local de origem, características socioculturais;
- Entrada na vida escolar, desempenho, apoio familiar;
- Entrada na vida religiosa, apoio familiar;
b. Em seguida, acrescente fatos, exemplos que ilustrem uma época, uma passagem significativa ou decisiva dessa trajetória. É importante que o texto seja leve, mesmo que o conteúdo seja pesado!
c. É hora de inserir as suas impressões sobre o que já foi narrado: como você percebeu o fato, que importância ele teve na sua vida, e como, do seu presente, você avalia essa trajetória.
d. Para finalizar, o momento pede que se vislumbre o futuro (próximo ou distante), que se mostrem expectativas coerentes com o que já foi dito.

4. Versão final
O texto final poderá ter até 3 laudas (por isso é importante selecionar bem o que vai dizer!). É hora de “aparar“ o seu roteiro, tirando os excessos ou acrescentando informações que julgar necessárias.

AULA 3 O que é escrever?

O QUE É ESCREVER?

Parte I

Escreva um texto contando aos seus colegas como é a sua relação com a escrita. Procure dar a eles respostas para as seguintes perguntas:

1. Você gosta de escrever? Por quê?
2. Quais são os seus problemas ou dificuldades com a escrita?
3. Como você resolve essas dificuldades?
4. Qual é a parte mais fácil da escrita?
5. O que você espera aprender em uma oficina de produção de textos (CALP)?
Atenção: Não precisa medir palavras nem escrever bonito, faça um texto sincero sobre sua relação com a escrita (lembre-se do que discutimos na aula 1).

Lembre-se de que nenhum texto fica pronto assim que acabamos de escrever a última palavra, por isso, releia o seu texto conferindo a digitação e a ortografia, confira a pontuação, dê uma olhada na concordância, na regência, no vocabulário, nas estruturas das frases, na paragrafação e no que mais você se lembrar. Observe se você sesta sendo claro, se o texto está adequado ao leitor (seus colegas), se não há mistura de registros (formal e informal) e se está adequado aos seus objetivos.
Tudo pronto? Então agora vamos ver o que os seus colegas têm a lhe dizer e o que você tem a dizer a eles.

Parte II

Esta atividade pretende mostrar a você que vários passos estão envolvidos na escrita. Entre eles podemos citar:
1º passo: selecionar as ideias;
2º passo: organizá-las;
3º passo: transformá-las em textos;
4º passo: fazer revisão e reescrita do texto.
Esses passos devem ser seguidos, levando-se em consideração as condições de produção que são estabelecidas por três perguntas:

O QUE VOU FALAR? (assunto)

PARA QUEM? (leitor)

PARA QUÊ? (objetivo, propósito)

Através dessas perguntas você identificará o assunto principal do seu texto, o seu interlocutor e o seu objetivo. Com isso em mente, será mais fácil para você decidir qual gênero de texto será escrito e que registro (grau de formalidade) será usado. Essas perguntas também podem ser de grande ajuda no momento da revisão. Com elas você pode avaliar se o texto está adequado à proposta.
Para finalizar essa seção, gostaríamos de apresentar algumas observações importantes:
- Para escrever bem é preciso praticar bastante, portanto, escreva sempre que puder.
- O planejamento, bem como a revisão e a reescrita, são partes muito importantes do processo de escrita. Lembre-se deles.
- O dicionário e a gramática devem ser consultados sempre que houver alguma dúvida, por isso você não precisa se preocupar em decorar nenhum dos dois.
(Acrescente à sua lista outras observações que você julgar importantes para a tarefa de produzir um texto).

COSCARELLI, Carla; MITRE, Daniela. Oficina de leitura e produção de textos. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p.12-14. (Adaptado).

AULA 2 Corrupção e cidadania - tomada de posição

Palavras iniciais


Vamos fazer um exercício de leitura e produção de texto a partir de um texto publicitário bem diferente...

Texto publicitário
Você vai assistir, agora, a uma peça publicitária, veiculada pela ABAP (Associação Brasileira das Agências de Publicidade) nas emissoras de TV do país. O vídeo é uma das manifestações da Campanha do Pacto Empresarial contra a Corrupção e conta com o apoio do Instituto Ethos de Responsabilidade Social.
Pensando no uso que é feito da linguagem neste comercial, bem como nas ações e representações ali mostradas/contidas, gostaria que você trabalhasse um pouco nessa análise. Devemos pensar também que os discursos são muitos, envolvendo atividades verbais e não-verbais. E, ainda, cada discurso está relacionado às posições identitárias, ou seja, às posições que o sujeito que enuncia assume quando enuncia e por meio de sua própria enunciação, não é isso mesmo?
No anúncio, é possível ler o seguinte dito ao final do filme:
“Ou o Brasil acaba com a corrupção ou a corrupção acaba com o Brasil”
Procure identificar as vozes aí presentes e suas intenções ao enunciar esse dito. Pense, ainda, em uma possível intertextualidade com a frase atribuída a Getúlio Vargas, referindo-se aos usurpadores do dinheiro público: “Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil”.

Um pouquinho de escrita
Registre (por escrito) sua análise até este momento em uma folha à parte, para ser entregue ao final da aula à professora.

Lendo as imagens
Vamos nos ater, agora, um pouquinho à linguagem não-verbal: vamos assistir novamente ao vídeo, com o som desligado, e você irá descrever o que viu no anúncio – o que o personagem veste, onde ele se encontra, a proporção entre a sua figura e o ambiente, o posicionamento da câmera, as cores, enfim, tudo o que puder ser observado.
Em um tipo de mensagem tão rápido (o filme dura só 30 segundos!), a informação tem que ser passada com o auxílio pesado de outros recursos não-verbais, isto é, a linguagem não-verbal tem aí uma importância muito grande, maior do que em outros gêneros, como a conversação informal, por exemplo. O que, então, querem significar os elementos que você descreveu? Como eles dialogam com a informação verbal?
Mais um pouquinho de escrita
Faça mais anotações sobre a análise dos elementos não-verbais.

A voz que enuncia
E, falando em informação verbal, gostaria agora que você ouvisse a voz do personagem, tentando identificar posições e posturas ali presentes. Quem é esse sujeito que se institui como “eu”, que fala em nome de um “nós”? Que grupo ele representa? Quais são as palavras e expressões que se relacionam diretamente ao discurso empresarial? Registre na folha!

A sua voz – escrita final
O que é efetivamente dito pelo personagem não é necessariamente o que é pretendido pelo autor do texto, não é verdade? Há uma série de pressupostos que nos indicam que há “vozes” outras no texto, “vozes” que nos remetem a pré-construídos, por exemplo: “O Brasil é o país da corrupção”, “Jeitinho brasileiro”, “Brasileiro gosta de levar vantagem em tudo”. Você concorda, ou seja, você, na posição que assume, entre outras, de estudante de Filosofia, seminarista, é um(a) do(a)s brasileiro(a)s que ajuda a ressoar e, assim, a ecoar vozes como essas? Agora quero ouvir a sua voz.

AULA 1 Você está animado a escrever?

Palavras iniciais

Você está animado a escrever?
O semestre será dedicado à (re)escrita de textos dos seguintes gêneros: crônica, artigo de opinião e memorial. Será um momento oportuno para você pensar sobre a sua ação de escrita e as posições assumidas nessa ação. Como e por que você escreve? De que lugar social você fala em cada situação de interlocução? Como você institui o “outro” a quem você se dirige? Essas e outras questões nortearão o nosso estudo neste semestre e as produções textuais realizadas no CALP.

Além disso, trabalharemos também alguns aspectos importantes na interpretação de textos, relativos à assunção da posição social do sujeito que fala/escreve.

Desejo a você bons estudos! Sucesso!

helena contaldo



Leituras de aquecimento
O trecho seguinte integra uma crônica de uma das escritoras brasileiras de maior prestígio na literatura nacional: Clarice Lispector. Se você já leu alguma de suas obras, sabe que sua escrita é inovadora, densa e, ao mesmo tempo, carregada de sentidos. Sentidos que não estão à tona em seus escritos, mas emergem quando mergulhamos no texto. Como a própria autora diz, “Quando eu procuro demais um ´sentido` – é aí que não o encontro”. Uma chave de leitura para a obra de Clarice é procurar sentidos.

Quando não estou escrevendo, eu simplesmente não sei como se escreve. E se não soasse infantil e falsa a pergunta das mais sinceras, eu escolheria um amigo escritor e lhe perguntaria: como é que se escreve?


Por que, realmente, como é que se escreve? que é que se diz? e como dizer? e como é que se começa? E que é que se faz com o papel em branco nos defrontando tranqüilo?


Sei que a resposta, por mais que intrigue, é a única: escrevendo. Sou a pessoa que mais se surpreende de escrever. E ainda não me habituei a que me chamem de escritora. Porque, fora das horas em que escrevo, não sei absolutamente escrever.

O que nos interessa propriamente nesse trecho é a ação de escrever. Essa é uma atividade sempre orientada para o outro, que visa à inter-ação.

Borelli (1981, p.79) relembra mais algumas palavras de Clarice sobre a ação de escrever:

Para me divertir eu poderia inventar muitos fatos e criar histórias, inventar é fácil e não me falta a capacidade. Mas não quero usar esse dom que eu desprezo, pois ´sentir` é mais inalcançável e ao mesmo tempo mais arriscado. Sentindo-se pode-se cair num abismo mortal.


O que procuro? Procuro o deslumbramento. O deslumbramento que eu só conseguirei através da abstração total de mim.


Eu não quero a idéia e sim o nervo do sonho que resulta na única realidade onde posso encontrar uma verdade. É como se eu tivesse inventado a vida – e – fiat lux. Mas o deslumbramento que eu tenho dura o espaço instantâneo de uma visão e eis-me de novo no escuro.

Desejo que você também reflita sobre a sua ação de escrita, na escrita e pela escrita. Guardadas as devidas proporções (a não ser que você também “cometa alguns poemas” de vez em quando), a ação de escrever textos literários e textos não-literários assemelha-se em alguns pontos: em ambas, o escritor encontra-se frente a frente com uma folha em branco (ou, mais frequentemente, com uma tela – de computador – em branco) e deve/precisa, a partir daquele momento, selecionar palavras, estruturar frases, organizar o processamento textual – para que tudo saia na ordem desejada – calcular possíveis efeitos de sentidos em função do fluxo informacional, imaginar o seu interlocutor, o que ele sabe e quais seriam seus objetivos... Enfim, são muitos os processos envolvidos nessa ação.

Parafraseando Clarice, diria que alternamos, no momento da escrita, deslumbramentos e sessões no escuro: quando achamos a palavra certa, quando escolhemos a construção que julgamos mais adequada... esse é o deslumbramento. Mas, ao contrário, quando passamos o tempo procurando a melhor expressão, querendo “dizer”, mas sem encontrar a palavra adequada, estamos no escuro, não é verdade?

Vídeo
Assistiremos agora a um trecho da entrevista realizada com Clarice em 1977, pouco tempo antes de sua morte. Então, tomemos esse exemplo para discutir um pouco mais sobre a escrita na vida de escritores e leitores. Vamos pensar um pouquinho?

Aquecimento
Agora, reflita você também sobre essa ação. Essa reflexão pode se transformar em um texto em que você aponte dificuldades, narre momentos de facilidade ou episódios trágicos em que se viu envolvido(a), dependendo do que tinha a escrever. Enfim, o espaço é seu: aproveite-o para sistematizar dificuldades e pensar em como resolvê-las.