Sugestão de tema: A visita ao Museu das Minas e do Metal pode servir de tema para a produção deste texto. O próximo tema – descrição de pessoa, coisa ou lugar – também é opção para a escrita acerca da visita. Fica a seu critério!
Para redigir esse texto, que implicará a narração de uma situação que tenha provocado um aprendizado, retomaremos algumas das coisas que já foram faladas em “Relato de uma emoção forte”:
a) Objetividade: Nunca é demais lembrar que objetividade é a condição para que uma narrativa escrita se constitua. Ela nasce de uma peculiar relação que o autor precisa aprender a manter consigo mesmo: a capacidade de constituir-se em narrador, de ver-se de fora, de selecionar um aspecto do seu jeito de ser para tornar-se inteligível para o leitor.
Lembre-se de que o leitor só se interessa por histórias que pode avaliar não apenas pelo que nela acontece mas também pelo fato de tal coisa ter acontecido exatamente com tal pessoa e não com outra; é necessário, portanto, que o texto apresente o seu narrador por meio de dados concretos para que o leitor possa avaliá-los por si mesmo.
b) Unidade temática: Construa a unidade temática de sua narração a partir daquilo que caracterizamos como ânimos narrativos: de um lado, apresentando a seu leitor, que não está presente, uma história completa,
- dando-lhe todas as informações necessárias a respeito do enredo, do cenário, do narrador e dos demais personagens, da época em que a ação se situa, para que ele possa acompanhar o relato;
- mostrando-lhe o valor que o narrador atribui aos fatos que conta;
- apresentando dados concretos para que ele possa não só avaliar a adequação dos julgamentos que o narrador faz a respeito dos fatos que narra, mas também fazer sua própria avaliação da história, em confronto com sua própria experiência.
De outro lado, lembre-se sempre de que tudo o que aconteceu só interessa contar aquilo que converge na direção do esclarecimento da questão que vai ser equacionada no texto; o resto, outros acontecimentos, fatos, conversas, etc, não vêm ao caso e não devem sequer ser mencionados porque não interessa se as questões são importantes em si. Interessa se elas são importantes para a narrativa; interessa sua contribuição para o entendimento da idéia central que a narrativa quer passar.
c) Concretude: Não passe contrabando para seu leitor, não jure, não apenas diga; mostre, porque o leitor não vai acreditar na sua palavra de narrador. O leitor só acredita naquilo que pode ver, ouvir, cheirar, apalpar, lamber. Se o texto quiser dar um depoimento pessoal, lembre-se de que isso implica uma reavaliação pessoal das idéias correntes a respeito da situação social em que a história se localiza e das instituições nela envolvidas quanto das atitudes correntes a respeito delas. O próprio sentido das palavras é avaliado pelo conhecimento que a gente tem a respeito de quem a está usando. Por isso é muito importante que, ao lado do nome que se dá à coisa, ao sentimento, ao valor que o texto quer mostrar, apareça o concreto exemplo, a descrição, a narrativa miúda, que mostrem o peculiar sentido que o texto atribui à palavra que designa. Não esqueça que as pessoas são péssimos personagens e os seres humanos, péssimos assuntos. Tratemos de nós, fulanos de tal específicos e concretos que compartilhamos com as demais pessoas e com os demais seres humanos concretos dessa natureza geral em que nos encontramos.
d) Questionamento: Ao selecionar a história que vai conter lembre-se de que numa narrativa que ficou em nossa memória tem um significado próprio que nós temos de descobrir, o que significa tentar escolher nela a questão mais profunda entre várias questões que ela nos coloca. Nesse sentido, relatar fracassos é geralmente mais instrutivo do que relatar vitórias, tanto para quem lê, quanto especialmente para quem tenta entender, ao organizar seu relato, as causas desse fracasso.
GUEDES, Paulo Coimbra. Da redação escolar ao texto: um manual de redação. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2002.